Cogite...

..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

Embornal

segunda-feira, 30 de março de 2009


Eu sou um homem comum.
Nascido de mãe preta e pai servente de pedreiro,
Oscilo entre a miserabilidade e a subserviência absoluta.
- O sol não me presenteia com sua claridade.

Logo pela manhã, enquanto outros devaneiam,
Desço a velha rua calçada com meu embornal xadrez
E a marmita que traz o alimento que me impede de morrer.
- O feijão-com-arroz é a benção do meu dia.

No barraco onde escondo minha vergonha,
A mulata triste reza pelo destino de suas crias.
Ela não tem vestidos; aprendera, logo cedo, a não ter vaidades.
- A pobreza só é bela nas telas do cinema que nunca entramos.

Meus filhos, coitados, doutrinei desde cedo
A lutar pelas migalhas que escapam a gula dos ricos.
Seus sorrisos são amarelos e raros como ouro de mina.
- Seus sonhos não têm cor nem sentido.

Eu sou um homem comum.
Nascido de mãe preta e pai servente de pedreiro,
Arrasto minha carcaça pelas madrugadas da metrópole muda.
- Almejo, um dia, ser gente.
(Roniel Oliveira)

Políticas públicas de segurança

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nessa semana participei de uma palestra na faculdade sobre a abertura da campanha da fraternidade: "A paz é fruto da Justiça" em que, temas como a segurança pública foram levantados em um debate que participou um padre, um capitão da polícia e um Doutor em segurança pública. Enfim, alguns dados me chamaram a atenção e me levaram a refletir (como sempre) sobre a situação do nosso Brasil. (nosso?) Você sabia que, de acordo com dados colhidos entre os anos de 1990 e2005 constatou-se que a média de assassiantos por ano é de 40000? Entre os crimes cometidos, os mais frequentes são os homicídios, furtos, assaltos e os crimes de 'colarinho branco'? Sim... Crimes de corrupção pelas mãos de quem elegemos. É claro que o índice de crimes cometido pela classe baixa vai ser muito maior. As pesquisas não mostram a verdadeira face do crime. Não entra nas folhas de pesquisas os crimes do Senado e muito menos o dinheiro que financia o tráfico. Hoje em dia os maiores índices de mortalidade brasileira concentra a faixa etária que vai de 15 à 29 anos. Enfrentamos muitos problemas em relação às políticas públicas de segurança. O tema da campanha da fraternidade se encaixa perfeitamente na atualidade. Mas... é necessário acabar com a violência para se ter fraternidade, ou é necessário ter fraternidade para se acabar com a violência? Eis a questão. Educação é pilar de toda sociedade. Onde está o "Res cogitans"? Pensantes... Vamos fazer o mundo girar...
(Dayane R. Peixoto)

Xanéu nº5

sexta-feira, 20 de março de 2009











A minha TV não se conteve, atrevida,
passou a ter vida olhando pra mim
Assistindo a todos os meus segredos,
minhas parcerias, dúvidas, medos
Minha tv não obedece
Não quer mais passar novela, sonha um dia
em ser janela, não quer mais ficar no ar
Não quer papo com a antena, nem saber
se vale a pena ver de novo tudo que já vi...vi
A minha TV não se esquece nem do preço,
nem da prece que faço pra mesma funcionar
Me disse que se rende à internet, em suma,
não se submete a nada pra me informar
Não quis mais saber de festa,
não pensou em ser honesta funcionando quando precisei
A noticia que esperava consegui na madrugada
num siteflickr-blog-fotolog que acessei
A minha TV tá louca, me mandou calar a boca
e não tirar a bunda do sofá
Mas eu sou facinho de marré-de-si, se a maré subir,
eu vou me levantar
Não quero saber se acabo
nem se minha assinatura vai mudar tudo que aprendi
Triste fico seriado, um bocado magoado
sem saber o que será de mim
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Enquanto pessoas perguntam porque,
outras pessoas perguntam porque não
Até porque não acredito no que é dito,
no que é visto,
Ter acesso é poder e o poder é a informação,
Qualquer palavra satisfaz a garota, o rapaz
E paz, quem traz, tanto faz?
O valor é temporário, o amor imaginário,
a festa e o perjúrio
O minuto de silencio
é o minuto reservado de murmúrio,
de anestesia
O sistema é nervoso e te acalma
com a programação do dia
Com a narrativa
A vida ingrata de quem acha que é noticia,
de quem acha que é momento,
Na tua tela,
Quer ensinar fazer comida uma nação
que não tem ovo na panela
Que não tem gesto,
Quem tem medo assimila
toda forma de expressão como protesto!
Num passado remoto perdi meu controle
Num passado remoto perdi meu controle
Era a vida em preto-e-branco.
Quase nunca colorida, reprisando coisas que não fiz....
Finalmente se acabando feito longa, feito curta,
que termina com final feliz
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Ela não sap quem eu sou,
ela não fala a minha língua
Eu não sei se paper-view,
ou se quem viu tudo fui eu
Eu não sei se paper-view,
ou se quem viu tudo fui eu

... Teatro Mágico. (programe-se)

Hoje => abolindo poemas...

quarta-feira, 18 de março de 2009


Hoje resolvi abolir poemas... Deixa-los soltos por ai para que sejam proferidos por outras bocas insanas. Hoje resolvi falar do dia, da noite e de todas as overdoses de pensamentos desconexos. Sabe, ando pensando, e pensando enquanto me deito pra dormir também. Existem pessoas tão distantes de mim, mas ao mesmo tempo tão e tão próximas que sou capaz de fechar os olhos, esticar os braços e agarra-las com um abraço. Tudo seria possível se não fosse a tela fria dessa minha máquina de fazer sonhos. Começo contando-lhes sobre uma idéia maluca que tive há alguns meses atrás... Fui ao edifício maleta e deixei em um sebo um livro de poesias com uma carta minha dentro. Na carta um e-mail e a esperança de uma possível resposta, caso alguém pegasse aquele livro... E eis que recebo o primeiro contato... e outros. Hoje se inclui na minha rotina abrir minha caixa de entrada todos os dias para conferir se recebi desse tal admirador de versos mais um poema dizendo assim... “Quero escrever-te até encontraronde segregas tanto sentimento. Pensas em mim, teu meio-riso secreto atravessa mar e montanha” (poema do e-mail de hoje). Outra parte do meu dia eu separo para visitar um blog curioso. Realmente um diário virtual de um “veg solitário”, mas adorável e tão poético como Baudelaire e suas garrafas de gim. Abro então aquele site de relacionamentos que tomou conta do mundo e me vejo a procurar por um recado de um cara fã de Iron com o qual nunca conversei, mas que de todos, deixou um charme e aquela vontade de... será que falarei com ele um dia? Já a bailarina-urbana, eu uso como entorpecente, para que eu saiba dançar e maquiar os problemas durante o meu dia. O tal Voyer, desapareceu, sem deixar rastros, mas deixou poeira pelos cantos da minha lembrança. O poeta... ah! O poeta é incrível, apesar de sofrer com as minhas constantes ondulações de humor, eu vivo à espera da atualização dos nossos sonhos conjuntos. Enfim, apesar de tudo, a poesia prevalece e é preciso sonhar para que um dia ao abrir os olhos eu saiba que o sonho era real e que tudo acontece ao quebrar de um ponteiro. No mais, poesia pra ti:

"Senhor
faz de mim
um instrumento
da tua música.

onde há silencio
que eu leve o si.
onde a dor
que eu leve o dó.

onde há uma lágrima
que eu leve o lá.
e onde há trevas
que eu leve o sol."
(Carlos Rodrigues Brandão)
p.s.: Ouvindo: "O hierofante" - Secos e Molhados

Noite de Blues

segunda-feira, 16 de março de 2009




Garçom, traz uma garrafa
Pode encher até a borda
Traz que hoje a noite é a vida inteira
E a poesia está despindo a sanidade

Garçom, traz outra garrafa de Blues
Uma só dose não acalma meu pensar
Mas dessa vez eu quero Blues de lua nova
Chama a trsiteza à mesa pra me acompanhar

E ficamos assim...
Eu e ela de mãos dadas
Até a vinda da alvorada.



p.s.: Fase improdutiva / apoetica.

Embriagai-vos

sábado, 7 de março de 2009


















Baudelaire à um poeta que ainda não se descobriu. [Ao amigo Veg]



Embriagai-vos:
É necessário estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso; eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,
que vos abate e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio,
na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto,
despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,
perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,
a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são;
e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,
hão de vos responder:É hora de se embriagar!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo,
embriagai-vos;
embriagai-vos sem tréguas!
De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.



(Baudelaire)



...Enfim, não deixe essa solidão embriagar só a ti, que a poesia seja ponte, elo e o sentido da nossa amizade.