Cogite...

..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

Alice na Montanha Russa

quinta-feira, 20 de agosto de 2015


Na montanha russa da vida
No meu humor sempre non sense

_ Siga o coelho! - me diziam.

Mas em dias de chá inglês para loucos
Eu só preciso de um café expresso.

Paixões passageiras

Da janela do ônibus
Nossos olhos se abraçaram
Foi a primeira vez...

...e a única.

Fiandeiras do destino

quarta-feira, 19 de agosto de 2015



Se eu fosse da Grécia, diria que as fiandeiras Parcas são as tecedeiras do meu destino, fio a fio, linha a linha. Ou poderia dizer que tudo está escrito em algum livro sagrado escondido nos confins do mundo. Muitos são os mistérios, as perguntas e as dúvidas. E algumas poucas certezas que temos, guardamos em caixas de pandora ou a engolimos para preencher o fôlego de viver. Alguns dizem que existe o livre arbítrio... Outros dizem que somos deuses dos nossos próprios passos. Eu prefiro acreditar que minha vontade maior continua sendo a bússola do meu amanhã. Posso atravessar fronteiras, virar poliglota ou astrônoma, se for preciso. Se for preciso te explicar que as pessoas são feitas de energia e poeira cósmica, que uma estrela que foi dissipada e espalhada por milhões de pedaços em todo o universo, sente a energia de uma parcela mínima de sua partícula a quilômetros de distância. Você não deve saber... Mas essas partículas cósmicas de uma mesma estrela não precisam falar a mesma língua, nem nascerem no mesmo continente. É preciso uma sensibilidade enorme para que se encontrem, mas um só abraço para se reconhecerem. Sou eu mesma que traço meus passos, que vivo intensamente e respiro cada segundo como se não houvesse um novo dia. Coleciono sonhos e dúvidas, mas uma certeza carrego comigo desde a última fronteira que cruzei: meu amanhã mora em Guadalajara.

Reflexões sobre o último amor

terça-feira, 21 de julho de 2015

O Amor é.
Até que um dia você acorda ateu
E deixa de lado isso de fazer o sinal da cruz antes das refeições.

O que é a dor?

quinta-feira, 23 de abril de 2015


O que é a dor?

AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Sim, o Pessoa estava certo em cada verso.
O poeta é um fingidor, 
cultiva flores de fogo no coração dos homens, 
para camuflar a dor que brota em cada esquina.

Ah! Os astros deveriam me dar essa explicação. 
Porquê as engrenagens do coração são tão falhas no labirinto dos dias?
Porquê? 
Tantos olhares perdidos, abraços rompidos. 
Pra quê? 
Felizes os que não cultivam memórias, nem flores de fogo no coração.




Blues da saudade

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Anjo irmão,


Da última vez que te vi, de longe, acenando um olá, antes de virar um anjo, você estava vestido de... anjo. Calça clara, all star, braços largados na sua camiseta branca dos Rolling Stones. Cantarolava uma música inaudível pela distância, mas na minha cabeça parecia ser o bom e velho rock n roll do Led. Os anjos, assim como você, veem à Terra com o intuito de trazer sorriso e alento ao coração dos que deles precisam. Cada anjo, recebe um dom, pra que com ele, aqui na terra, possa, ainda que em um curto espaço de tempo (sim, os anjos vivem intensamente, mas sempre voltam pra casa jovens demais) eternizar boas lembranças. Seu dom foi a música, ou teria sido a ciência? Você tinha essa mania de ser metido a cientista e descobridor de mundos... Tenho certeza: foi a música. Sensitivelmente, transpunha barreiras do físico e palpável pra que com sua áurea colorida, cantando Raul, amigo Pedro ou conversando virtualmente comigo de madrugada, preenchesse um coração vazio de carinho e alegria. Depois que você virou anjo, agora de verdade, muitos amigos relembram suas histórias. As vezes lá em casa a noite, eu coloco o cd do Raul que me presenteou e o blues que cai dos olhos, preenchendo meu quarto de boas histórias. Lembra quando cantou no meu evento em Florestal? Era por volta de 6h da manhã, o clima era frio e o Sol ainda se escondia por detrás das nuvens... Você me olhou e disse: _Day, você já sentiu a terra hoje? E eu sem entender a profundidade das suas palavras comecei a rir, acompanhei seu olhar descendo até as pontas dos pés e vi que durante a madrugada deveria ter se transformado em árvore, fincado seus pés na terra e criado raízes... Andava descalço, espalhando barro pra todos os lados, feliz da vida, de peito aberto e coração enorme, sem se importar pro que o mundo dizia. Irmão, a gente se parecia, bem pouco... Tínhamos em comum o nariz grande e a vontade de cantar canceriano sem lar pra ilustrar os dias, mas queria ter herdado essa energia que carregou durante sua passagem aqui na terra. Espero que esteja contagiando à todos com o seu dom, aonde quer que esteja. Amigo, tem dias que o coração aperta (muito), que é difícil segurar a saudade que fica sinto falta de muitas coisas que levou consigo, mas fica aqui comigo o calor do abraço ganhado no último show e a memória da última vez que te vi, de longe, acenando um olá, vestido de anjo...