Cogite...

..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ele tem olhos de hidromel
Demasiadamente extasiantes
Ela, mãos languidas
Exageradamente calmas

Mil dias


Faltam mil dias pra te conquistar
Mas não sei qual é a porta
Já perdi o rumo e a rota
Nem sei por onde começar

Faltam mil dias pra te conquistar
Mas esqueci no bolso o verso
Deixei o coração imerso
Nem canção sei decorar

Faltam mil dias pra te conquistar
Pensei em rum e beijordida
Chocolate, cor preferida
Pra sua muralha derrubar

Faltam mil dias pra te conquistar
E vou comprando calendários
Anotando dicas em diários

Até o dia mil chegar.

D.R.

Grave e breve


Já te expliquei sobre as leis da gravidade
E vi que grave de verdade é essa situação
Onde não tem palavras pra dizer o certo
E todo mundo lá fora, de perto, só sabe dizer o não

Anda aos montes com rostos sem um sorriso
De máculas e vestígios, sem amor ou sem canção
Pelas ruas, com os olhos se devorando
As horas se atropelando e nenhum aperto de mão

A guerra entre mortais de carne e osso
Fazem nós em seus pescoços, pra mais cedo isso acabar
E eu só quero um amor latente e leve

Que de dia um beijo breve, ele me dê pra despertar.

D.R.

Fractais

segunda-feira, 22 de setembro de 2014


Entre o céu e o inferno, entre Midgard e Asgard, há mistérios que vão além da sabedoria dos deuses e da ignorância dos mortais. Entre fatos e teorias da ciência, entre universos paralelos e dimensões ainda não exploradas pelo homem, encontramos gotas microcósmicas que constroem as "certezas inexplicáveis". Amor, paixão ou encanto podem ser decifrados e demonstrados através de teóricos da psicanálise, estruturas químicas de substâncias imperceptíveis ou hormônios estudados pela biologia. O ser humano pode explicar teorias, mas os poetas podem alcançar a essência do universo num piscar de olhos. Um homem, poeta, em estado de embriaguez por paixão, é capaz de sentir de forma sinestésica os átomos de um suspiro e a satisfação de um abraço, de forma tão complexa, como as explicações da ciência a respeito dos efeitos ultrasensoriais causados pela endorfina e dopamina. A Teoria das Cordas é uma tentativa de unificar a Teoria da Relatividade com a Mecânica Quântica, além das quatro forças fundamentais. Muitos dizem ser a teoria mais complexa já desenvolvida por englobar cálculos matemáticos e fórmulas incompreensíveis. A referida teoria permite a existência de onze dimensões e alguns tantos universos paralelos à esse ínfimo mundo em que pré-existimos. A tese do Multiverso reafirma tudo o que penso quanto às energias que não vejo, mas são latentes à minha volta e me fazem crer que a vida não é só um acaso solto ao vento. O que quero explicar pode parecer simples ou pode soar complexo. Talvez tivesse sido mais fácil em um poema citando a beleza de Freyja ou uma metáfora com Valquírias e lobos dos cárpatos. Poderia ter composto uma música de estrofe infinita pra que tudo fosse memorizado e absorvido com mais praticidade. Mas o que quero dizer não pode ser mensurado com meia dúzia de palavras ou com um haikai ao estilo Leminski. O que eu quero dizer vai além de tudo isso e talvez esteja quase que à margem de explicações. Três dimensões no espaço, o tempo cortado em fatias na simetria do relógio geométrico... Tudo me faz pensar que a vida, além de não ser um acaso, é a receita de auto-sabotagem que nós mesmos criamos e alimentamos, como lobos em batalha dentro de um único coração. Tem coisas que podem passar despercebidas em um momento e no segundo seguinte, se tornarem alvo de atenção mundial. Isso pra mim funciona bem quando ligo pequenos pontos na escuridão do ceu para colecionar constelações, quando ando descalço para sentir que a terra é firme onde apoio meus pés e ainda posso voar enquanto sonho ou quando coloco a língua para fora da boca, querendo saber se a chuva é gelada como meu sabor favorito de sorvete ou quente como o gole da bebida vermelha. Eu gosto de texturas, de cores, sabores... Eu gosto de carregar a sensibilidade à flor da pele, gosto da intensidade e da força que existe nas menores e mais leves sensações. Eu gosto da palavra “sensitível” – que não existe, mas eu criei pra diferenciar do simples verbo “sentir” – vindo do latim “sentire”: experimentar uma sensação ou um sentimento quer por meio dos sentidos, quer por meio da razão. Se o meu sentir vem de sensitível e não de sentir, quer dizer que vai além de uma experimentação racional e sensorial. É fácil perceber a textura e a dança viva da fumaça de um incenso quando se está ouvindo música no escuro. É fácil saber o gosto de um beijo... Mas eu gosto é da cor que ele tem em cada boca, do cheiro que ele exala no ar e na capacidade com que ele faz as mãos ficarem imobilizadas, dançarem ou segurarem as maças do rosto como molduras de um quadro. "A existência de deus está diretamente e proporcionalmente ligada à simples crença nessa mesma existência" vazia e sem explicações palpáveis, assim como o amor. E tudo mais que passar pela minha cabeça quando eu prender meu olhar fixo aos seus olhos, fechá-los e continuar a ver seus olhos me observando é fruto do que eu criei ou é matéria sólida que se desmancha no ar. Tudo que eu queria dizer é isso. Que eu não sei dizer, mas de alguma forma existe, mesmo não sendo dito.

Dayane Rufino

Imagem: Fractais do universo.

Escreve pra mim um poema.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014



Escreve pra mim um poema... Pega na minha mão e enrodilha seus pés nos meus. Fecha meus olhos com suas asas como da primeira vez, me deixa ser seu beijo de Frida denovo.

Escreve pra mim um poema... Dizendo que vai ficar dessa vez. Que vai largar essa sua vida pseudo-feliz e me abraçar nos dias frios e quentes.

Escreve pra mim um poema... Com gosto de framboesa, vamos pra Califórnia construir uma nova vida, escolheremos juntos as xícaras pro café da manhã de amanhã.

Escreve pra mim um poema... Não precisa ter rima, métrica, acento ou vírgula.

Só escreva pra mim um poema que seja inteiro, que seja completo, que não termine no próximo pôr do sol.

Se escrever pra mim um poema, sei que em canto algum terá encanto assim.

Setembro

segunda-feira, 1 de setembro de 2014


Setembro,

De você eu espero sete coisas:
Um dia de paciência,
Um dia de dedicação,
Um dia sem horários,
Um dia de sono,
Um dia pra ser lembrado,
Um dia pra não ter dieta,
Um dia pra acabar de ler o livro empoeirado na estante.

Mas se não for possível, traz pra mim uma paixão
que fique até a próxima estação.

Foto: Olka F.