Cogite...

..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

Pre(in)visível

quarta-feira, 30 de março de 2011


Tem dias que acordo pre(in)visível
E penso que sub-existo
No espaço paralelo
Entre meus beijos e seus desejos...

Tem dias que acordo com um medo enorme!
De ficar trancada por dentro do que penso
De querer falar e achar que você ouviu
Ou viu...

O que era para ficar mesmo invisível
O que era para ficar mesmo submerso
E deixar você saber devagarzinho
Manso, de leve...

...pra que só depois me leve

Dayane R. Peixoto

Dorme dia amanhece noite

“O meu maior desejo sempre

Foi o de aumentar a noite

Para conseguir

Enche-la

De sonhos..."

Queria adormecer

Em você hoje.

“Eu, nesta paz

Manhã

Queria ainda

Prolongar a matina

Pra que se tornassem,

Nossos sonhos,

Insones e,

Sendo um,

Acordássemos impunes

Sobre qualquer

Onírica libido.”


Com meia licença poética...

Virgínia Woolf

Thiago Cruz

Chuva Passageira

sexta-feira, 18 de março de 2011


Ele apareceu repentinamente
Assim como os anjos aparecem
Quando fazemos preces no quarto
Ou silenciamos a alma.

Ele veio como quem escreve poemas no ar
Trouxe no bolso abrigo e calma
Tirou todo o peso que levava a mágica
E pôs cores e versos no lugar

Ele se vai como chuva passageira
Que chega mansa, corre e não volta
Mas promete que vem denovo e breve
Promete trazer um abraço que demora?

Dayane R. Peixoto

Tenho um livro...

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tenho um livro em casa

Que ainda não terminei de ler

Que, na verdade

Mal comecei a folhear.

Sobre ele, já ouvi comentários

Já li resenhas

Devem haver estudos

Mas, espero eu mesmo

Escrever seu posfácio

Que faço do meu jeito

Sem saber de mais ninguém.

Esse pequeno e bonito livro

Tem uma capa singela

Colorida em aquarela

Com as cores mais bonitas.

Tem não sei quantas páginas

Cheias de belas citações

Cheias de incansáveis paixões

Cheias de tudo que quero ler.

Tenho medo de um dia

Esse livro se perder

Não sei o que vou fazer

Porque ainda não o terminei.

E interminável parece ser

Como essa vontade de te ver

Porque não sei onde vai terminar.

Esse pequeno e belo livro

Tem um dos prefácios mais bonitos

Tem dois corações aflitos

Batendo forte de saudade.

Por ser simples de se ler

Não tem notas de rodapé

Nem uma explicação sequer

Mas é lindo de morrer.

Não se encontra em livrarias

Sebos, bibliotecas ou afins

Nem mesmo nos mais longínquos confins

No infinito é que se deve achar.

Esse pequeno grande lindo livro

Colorida em aquarela

Tem a capa mais bela

Porque claramente lê-se nela

Como que escrito a luz de vela

Você.


Thiago Cruz(Com toda licença poética)

Com o laço verde...


Hoje de manhã
Quando abri o jornal
Vi na manchete do dia
Que viria me ver.

Já trouxe um mundo
Dentro do livro
Já trouxe sorrisos
No cantinho dos lábios...

Traz dessa vez uma caixinha
Uma bem pequenininha
Coloca nela uma flor de lótus
E um beijinho com gosto de fruta

Faz um laço verde bonito
Escreve a dedicatória no ar
Assim que eu te encontrar
Que é pra ficar pra sempre em mim

Cada lembrança linda
Que você sabe deixar
Como em todos os outros dias
Que eu sorri ao te encontrar...

Como no dia do teto de nuvens
E no de flores no cabelo
Como no dia de chuva fina
E no de cheiro de incenso

Como no dia de ver um filme
E no dia de garrafas no ceu
Como no dia de tomar café
E no dia do encanto seu...

...e amanhã.

Dayane R. Peixoto

Vou escrever por toda a muralha

terça-feira, 15 de março de 2011

Vou rebelar-me contra a ordem
Normal, de todos os sentimentos
E quando algum sentido disser não
Direi sim, pra fazer sentido

Vou levantar meu estandarte da liberdade
E dizer fora ao que é da terra
Pra deixar aflorar meus desejos
E encantos por olhos tão belos

Vou pintar nos muros mais altos
(o seu nome...)
Vou escrever por toda a muralha
A poesia da nossa história

Vou cantar suas melodias
Sem pedir permissão ou ter razão
Quero e vou, só viver cada dia
E alimentar com afinco uma paixão

Paixão louca e avassaladora
Que não tem rumo, beira, eira
Paixão calma e acolhedora
Que em um abraço já me faz dizer...

...vou ficar por mais essa noite.

Dayane R. Peixoto

p.s.: tenho lembranças de um dia agradável... Garrafas do melhor vinho pendiam do teto, contrastavam com sua blusa colorida, dicretamente psicodélica, e os caracóis que giravam e giravam na minha cabeça... Sim, era tudo lindo!

Viramundo no colo

quarta-feira, 2 de março de 2011

Ela estava sentada ali no Café do Cine Belas Artes, com o Viramundo no colo, olhos lânguidos depois de um dia de trabalho, olhava a chuva que caia fina, quase imperceptível ao toque. Pediu um café expresso, do mais forte e denso que achou naquele cardápio de capa amarelada. Leu, releu, se distraiu com as pessoas que passavam ao lado. Se distraiu tanto que nem percebeu que ele estava ali, parado do seu lado. No peito carregava o quarteto de Liverpool, no pensamento carregava livros, fórmulas mágicas e canções, das mais belas que existem. Olhares, abraços e energias pairando no ar, sentaram e conversaram. Sobre o dia, sobre a vida, sobre as vidas ali sentadas e suas peculiaridades, sobre detalhes, limites e a falta deles, sobre a cor dos cabelos e como ela gostava dos cabelos cacheados. Ele não entendia, e talvez nunca vai entender, mas ela o admirava de uma maneira única e completa... E essas coisas nem sempre precisam ser entendidas... Passearam por mundos, pelo Japão, China, e a Alemanha de Hitler. Horas agradáveis, só pela companhia... Na tela, um filme cult. Ela recostou a cabeça em seus ombros, os cabelos caiam como cachoeira do alto de uma serra... As mãos dele passeavam como se mergulhassem e retornassem à superfície... Carinho e um beijo na testa, ela sorriu, mas não viu se ele retribuía o sorriso. Seus olhos estavam fechados, e lá no fundo o pensamento falava baixinho com ela mesma: Não vou abrir os olhos, não quero acordar... Não agora. E tinham os momentos em que não era necessário palavras, ou gestos, ou qualquer demonstração de presença viva. O silêncio e o caminhar lado a lado eram suficientes pra deixar no ar sentimento de cumplicidade e tranquilidade. Ela estava feliz, pisando em nuvens e cantarolando baixinho algumas músicas aleatórias que lhe surgiam na cabeça... Coisas que fazem as pessoas em estado de felicidade. O dia foi pra sempre, mas acabou cedo, com direito a uma boa noite de sonhos... Onde ela estava sentada ali no Café do Cine Belas Artes, com o Viramundo no colo e um anjo em seus pensamentos... Cantarolando baixinho...