Cogite...

..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

O tudo é um vazio enorme

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


A ânsia que precede a ânsia
É o sorriso falso do último fim de semana
O beijo, já sem gosto de vontade
Deixa no ar a saudade
De um outro dia que me prometeu
Que os beijos seriam eternos

A lança que por dentro corta
Bem devagar...
Vai calejando o peito ainda quente
Do amor que outro dia me jurou
Como apaixonado e amante

Cada sonho, cada gesto, cada olhar
Cada presente, cada esforço, luta
Cada carinho, cada vontade
E um tanto de liberdade que virou mágoa

Cada livro com carinho dedicado
Cada 365 motivos pra estar ao lado
Cada ajuda, mão amiga, abraço sincero
Cada noite quente de tirar o fôlego
Foi verdade em vão, ou mentira pra acalentar?

Cada mentira, com sua desculpa
Cada desculpa, uma nova confiança
Cada confiança, outra mentira
Cada recomeçar como se fosse único
Toda a intensidade ali depositada
E jogada pelo ralo como lembrança incômoda.

Na cômoda, várias lembranças
No peito a dor da partida
E na partida, a incompreensão
De toda essa humanidade
Que tendenciosamente prefere sofrer
E destruir toda forma de amor sincero

Pensando bem, isso não existe
Se existiu, era ilusão
E impossivelmente humano, viver tudo de novo
Já que foi vivido, gasto, sofrido
E ainda assim no peito carrego
A vontade de um "novamente"

Amar é o pior sentimento do mundo
Nos faz esquecer de nós mesmos
Nos faz esquecer...
E pensar que amar o outro é tudo
Sem saber que o tudo deixa um vazio enorme
Maior que o nada do meu lado agora.

Mas eu amo você.
E não deveria.

Praças e nuvens

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


 
Os eternos alimentadores de pombos descansam na praça. Descansam e comem pipoca, observam as nuvens como crianças desejam algodão doce em parque de diversão. São andarilhos do tempo e do espaço, percorrem um caminho chamado solidão e carregam nas mãos o peso de um mundo moderno. Debaixo dos braços um guarda-chuva da década de 50, preto, cabo de madeira com detalhes entalhados a mão. Na bolsa um universo sem fim. São livros de contos românticos, poemas de mãos enrugadas pelo tempo e uma coleção de panfletos urbanos, usados para moldar cuidadosos origamis, no dia em que, sentado na praça, não existirem mais pombos, nem pipoqueiros, nem algodão doce desenhando carrosséis no azul do ceu.

Dayane R. Peixoto

Light My Fire...

sábado, 26 de maio de 2012




           Sabe amigo, as coisas aqui não andam muito bem. Tenho vivido em passos mansos, sem vontade de dedicar àquele tal futuro de que tanto falam, o meu tempo precioso. Mas que desperdiço com vontade em cada gota que evapora da garrafa, em cada faísca que uso pra acender os cigarros por ai.
Sim, só para acender, porque já é do seu conhecimento a minha mania irredutível de acender cigarros. Nunca tragá-los ou fumá-los por prazer de nicotina. Apenas despejar das mãos o rito cheio de energia que me provoca o maior dos prazeres.
Encosto o cigarro no canto esquerdo da boca, fecho o olho direito, empunho as mãos como Johnson fazia com sua gaita, como se também fosse incendiá-la. Procuro por um isqueiro, estilosos como os pseudo zipos ou aqueles que se compra por um trocado na vendinha da esquina. Nunca fósforos, eles dissimulam o cheiro do fumo. Risco a pedra como um ritualístico homem das cavernas a preparar a caça, observo a luz surgindo, as vezes preâmbulo como aqueles postes na rodovia - madrugada de ébrios, outras vezes forte como se surgissem do próprio deus Sol. E um suspiro para libertar a nota lá da gaita... P(r)onto! A energia dos olhos, das mãos, do sopro, quase bio, transfere ao fogo, ao fumo, à fonte. Desvio o olhar, o cheiro se perde e espero até o próximo vicio chegar entre meus dedos.
Sabe amigo, são três horas da madrugada, na programação coruja do rádio toca “light my fire”, abro a bolsa e procuro o isqueiro... Mas só para acender um incenso.

Dayane R. Peixoto - Março/2012

n'alma

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ele anda em passos leves como um anjo a pisar em nuvens, mas mantém os ombros largos e pesados, como quem tem a alma perturbada por demônios. Seus olhos serenos mudam de cor a cada fase da lua e carrega no peito, a vontade devastadora de se jogar frente a primeira batalha que confronte seus caminhos. É o guardião dos templos profanos, defensor das armas misantrópicas de tortura, guerreiro tomado de ideologia e ódio pela decadente natureza humana. É por esse ser quase mitológico do vale das sombras que me apaixonei, que cobriu com seus braços meu medo. É por ele que também enfrento as batalhas do tempo, das eras, dos mundos. Por ele desvendei os olhos, corrompi mantos de dimensões e rasguei o peito para entregar de braços abertos meu coração, minha alma, meus desejos. E assim será por vidas e vindas. Amarei com afinco a cada fração de segundo e vestirei minha armadura a qualquer tempo, se for preciso batalhar e lutar, com toda e qualquer arma por esse amor.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012




Satellite
Eddie Vedder
It's no shame that
Love's a game that
I can only play with you
What I'm saying
Is I'm here waiting
For you

I've seen the light, I'm
Satisfied that
The brightest star is you
Satellite, I'm
Holding tight
Beaming back to you

Days turn into
Nights turn into
Days turn into today
Don't think I'm out playing
Cause I'm inside waiting
For you

I've felt the light, I'm
Satisfied that
The highest star is you
Satellite, I'm
Holding tight
Beaming back to you

Don't you worry
I believe your story
You were put away
For something you didn't do
What I'm saying
Is I'm saving
My love

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Não é preciso muito para encantar, desencantar ou reencantar...

... mas muitas lembranças me deixam gotinhas de blues no canto dos olhos...