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..."O mais importante é aprender a não se perder" p.15. Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas de Robert M. Pirsig

Blues da saudade

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Anjo irmão,


Da última vez que te vi, de longe, acenando um olá, antes de virar um anjo, você estava vestido de... anjo. Calça clara, all star, braços largados na sua camiseta branca dos Rolling Stones. Cantarolava uma música inaudível pela distância, mas na minha cabeça parecia ser o bom e velho rock n roll do Led. Os anjos, assim como você, veem à Terra com o intuito de trazer sorriso e alento ao coração dos que deles precisam. Cada anjo, recebe um dom, pra que com ele, aqui na terra, possa, ainda que em um curto espaço de tempo (sim, os anjos vivem intensamente, mas sempre voltam pra casa jovens demais) eternizar boas lembranças. Seu dom foi a música, ou teria sido a ciência? Você tinha essa mania de ser metido a cientista e descobridor de mundos... Tenho certeza: foi a música. Sensitivelmente, transpunha barreiras do físico e palpável pra que com sua áurea colorida, cantando Raul, amigo Pedro ou conversando virtualmente comigo de madrugada, preenchesse um coração vazio de carinho e alegria. Depois que você virou anjo, agora de verdade, muitos amigos relembram suas histórias. As vezes lá em casa a noite, eu coloco o cd do Raul que me presenteou e o blues que cai dos olhos, preenchendo meu quarto de boas histórias. Lembra quando cantou no meu evento em Florestal? Era por volta de 6h da manhã, o clima era frio e o Sol ainda se escondia por detrás das nuvens... Você me olhou e disse: _Day, você já sentiu a terra hoje? E eu sem entender a profundidade das suas palavras comecei a rir, acompanhei seu olhar descendo até as pontas dos pés e vi que durante a madrugada deveria ter se transformado em árvore, fincado seus pés na terra e criado raízes... Andava descalço, espalhando barro pra todos os lados, feliz da vida, de peito aberto e coração enorme, sem se importar pro que o mundo dizia. Irmão, a gente se parecia, bem pouco... Tínhamos em comum o nariz grande e a vontade de cantar canceriano sem lar pra ilustrar os dias, mas queria ter herdado essa energia que carregou durante sua passagem aqui na terra. Espero que esteja contagiando à todos com o seu dom, aonde quer que esteja. Amigo, tem dias que o coração aperta (muito), que é difícil segurar a saudade que fica sinto falta de muitas coisas que levou consigo, mas fica aqui comigo o calor do abraço ganhado no último show e a memória da última vez que te vi, de longe, acenando um olá, vestido de anjo...

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